Antologia Cerebral

Não estou certa do que vejo, não estou certa do que sinto, não estou certa do que falo e isso não é por culpa sua. Acredito também que não tenha maneiras de me ajudar. Eu tenho medo de ir embora, eu tenho medo de ficar. Eu tenho medo da solidão, eu tenho medo de sua presença. Então eu me prendo ao conformismo e comodidade simplesmente pelo medo de refletir. Refletir e tomar a decisão errada e não conseguir voltar atrás. O amor já me pareceu mais simples, mas agora já está confuso, era mais fácil de sentir. Talvez eu o sentisse mais no passado com intensidade por ter que sentir por dois, os meus eternos amores platônicos que passavam das margens normais. Apesar de ela ter suas coisas ruins, onde está a antiga eu? Sinto saudade do meu folk, meu punk, das minhas filosofias, da minha solitária liberdade imaginária. Onde está aquela eu eterna apaixonada? Esses dias eu vi algo que não me era mais comum: ver alguém da minha idade apaixonada. Me fez pensar em tantas coisas e refletir, eu era e...

às vezes as coisas mudam, o medo nos atinge, achávamos que eramos invencíveis, mas quem nos disse ao contrário? não acredite neles, não deixe eles mudarem tua ideia, faça o que te traz, nem que seja um pingo de felicidade, pois no fim vale a pena, sabes disso. a cada ano mais uma ruga, tentativas de fuga não adiantam mais. veja mais o entardecer, o amanhecer, sinta a chuva cair, os pingos escorrer, caírem na sua cabeça. não se preocupe tanto com o amanhã pense em quem te ama e ame-os também. faça o que fizer, faça o que quiser, pois lembre-se: você tem fim.

Hoje eu queria que qualquer homem que fosse meu tipo olhasse pra mim e não visse o que eu vejo. Eu queria ser o tipo do meu tipo. Mas eu não sou.  O tipo do meu tipo é uma mulher misteriosa, de corpo esguio e cabelos escuros. Ela lê livros e aprecia o silêncio de dias chuvosos. Ela provavelmente bebe café enquanto fuma um cigarro. Ela sabe seduzir sem se esforçar muito. É de um semblante sério, relaxado, quieto. Num fim de semana, ela aprecia a solitude, visita galerias e dá longos passeios de bicicleta. Talvez a noite vá em algum bar qualquer, para tomar uma cerveja qualquer, encontrar amigos quaisquer. Ela tem um sorriso cativante, perfeito do seu jeito. Ela sabe dançar, cantar, escrever, se divertir.  Ah, como eu desejo ser ela. Por vezes até tento. Mas esse meu maldito caráter não me permite ser quem eu não sou. Eu falo alto, eu dou risada alta, sou simpática e boa demais. Sou gorda, de sorriso torto, mas sincero. Não consigo beber muito café, nem sou viciada em cigarros, ...

Parece que estou de volta à escola. Eu odiava a escola. Naquela época, por mais normal que eu fosse, me achava fora da curva. E não ache que com isso quero dizer melhor que os outros, pelo contrário, eu só não me sentia pertencente. Fora da curva é ruim para um adolescente de 15 anos. Sempre tive facilidade em criar laços e amizades, meu problema era iniciar o primeiro contato. Sempre foi, na verdade. O primeiro movimento, o primeiro "Oi", o primeiro beijo, o primeiro convite de posar em casa. Sempre sentia que estava sendo inconveniente, que a terceira pessoa estava fazendo um ato de caridade a me querer por perto. Afinal, eu era uma das pessoas medianas da sala, que passava facilmente despercebida.  Me lembro de um dia, depois de uma atividade, em que eu estava descansando e devaneando sobre a vida e provavelmente sobre algum crush da sala. Até que então percebi uns colegas e alguém que já tinha chamado de melhor amiga rir de uma zoação que estavam fazendo comigo. Um guri f...

Mando mensagem? Não, melhor não. Bem que ele podia mandar pra me poupar do sofrimento que eu mesma crio pra mim, essa angústia que me cerca e fica me dizendo o quanto eu não sou encantadora o suficiente pra receber um mero bom dia de alguém que eu nem gosto tanto assim. Vou mandar mensagem. Não, não vou. Vou esperar. Se ele quer ficar comigo, ele vai me mandar alguma coisa. Vou jogar pro universo. Joguei. Se ele quer ficar comigo, ele vai mandar. Isso. Preciso me distrair, ler, ouvir música, assistir algo. A merda é que não consigo, não dá pra prestar atenção. Tô cansada, mal dormir ontem de tanta ansiedade. Por que tanta ansiedade por alguém que eu nem gosto? É só um flerte, Bibiana! Sei lá. A verdade é que eu sei porque eu ajo assim, essa minha mania de querer ser unânime, desejada, sendo que eu sou qualquer coisa. Não que eu seja ruim, mas eu não sou incrível como gostaria. Eu quero emagrecer. Eu preciso emagrecer. Eu preciso colocar aparelho. Preciso começar a fazer exercício todo ...