Antologia Cerebral

             Sozinha no abandono silencioso da noite, me deparo com dilemas que eram aparentemente antigos, não me vejo num futuro diferente ao qual estou agora. Parece que, a cada ação, nada muda. Talvez se eu tentasse mudar... Mas já tentei, e não há jeito de mudar quem sou. Eu nasci assim, fui criada desse jeito, não são pequenos discursos que vão me desviar desse caminho sem volta. Ainda me faço a mesma pergunta de quando era mais nova: será que o problema sou eu ou é o resto das pessoas que não conseguem entender? Meus desejos não são o suficiente para me libertar desse mundo caótico e perturbado que eu mesmo crio em minha cabeça, porque, na verdade, nem tudo é muito complicado, as coisas podem ser muito fáceis. Não sei se isso é crise de identidade, ou se isso é apenas uma fase que um dia vai passar, mas eu gostaria de ter certeza sobre todas minhas decisões e ações, por mais que elas sejam cotidianas.       ...

Talvez eu seja pequena, lhe cause tanto problema que já não lhe cabe me cuidar. Talvez eu deva ser forte, pedir ao mar por mais sorte e aprender a navegar. Mallu Magalhães

    Aquela imagem se tornou um poster. Quando eu escuto essa palavra, me vem logo uma idealização na cabeça, porque normalmente, em posters estão estampadas mascaras de pessoas que são reais, como qualquer outra. Eu olho pra essa imagem todos os dias, sinto uma especie de devoção sobre algo que é meu semelhante.       Até hoje, no meu quarto, tem posters. Todos eles significam alguma coisa, ou significaram em algum momento, eles tem um motivo de estar ali. Onde eu quero chegar? Se eu tenho essa pessoa como um poster, quer dizer que ela significa alguma coisa muito grande pra mim.       Mas, diferente dos de mais, é sentimental. Mas, assim como os outros, eu amo alguma coisa que não conheço a fundo, são todos personagens que crio, uma idealização, algo talvez falso. Nós dois somos iguais, temos braços, pernas, olhos, boca, ouvidos... Gostos semelhantes, assuntos interessantes, ou até mesmo banais... Então, por que tratar essa pessoa como ...

   Tudo é complicado, com a única exceção de que ficar com cara amarrada é muito fácil. Não importa mais o motivo, coisas banais nos deixam pra baixo, ou pensativos a qualquer momento do dia ou da vida. Seria mais simples fugir, olhar para os lados e se distrair com qualquer coisa. É o que normalmente acontece, mas como sempre, eu não estou aqui pra falar da visão e vontades dos outros, e sim da minha. Eu tendo a me concentrar em meus pensamentos e tentar arranjar uma solução pras coisas, mas muitas das coisas não tem ao menos uma resposta. Nesse exato ponto eu me perco, porque tenho a necessidade de me encontrar a cada dia que passa.      Se tem uma coisa que gosto é de mudar rapidamente de assunto, isso pela razão de que minha mente é rápida. Minhas falas acompanham meus pensamentos, e causa a confusão na cabeça de algumas pessoas. Tenho a estranha mania também de conversar coisas filosóficas de mais com pessoas que não seguem a mesma linha de ...

Ela era aquele tipo de garota que se fingia de durona, sabe? Não tinha muitos amigos, mas tinha uma família imensa que a amava (ou fingia muito bem). Tinha suas diferenças, tinha suas preferências, tinha errado muito em pouco tempo, passou por poucas coisas, mas muito marcantes. Era aquele tipo de garota que zoava e não gostava das futilidades dos outros, mas adorava fazer aqueles testes bobos de revistas adolescentes – e sempre achava os resultados incrivelmente parecidos com sua personalidade. Ela amava um bom rock, seja aquelas tristes baladas, ou aqueles loucos punk rocks. Em muitos gostos, ela tinha puxado ao pai, a personalidade também. Em gestos, olhares, ela tinha puxado muito à mãe. Não importava se ela tinha dias vazios, sem nada pra fazer, isso era o que ela mais gostava de fazer: devanear ao máximo que podia, dormir o máximo que podia, olhar pro teto e pensar na vida. Mas tinha um problema: fazia isso de mais. Ela não conseguia mais suportar o ensino médio, era muita ...