Momento reconhecimento
Ela era aquele tipo de garota que se fingia de durona,
sabe? Não tinha muitos amigos, mas tinha uma família imensa que a amava (ou
fingia muito bem). Tinha suas diferenças, tinha suas preferências, tinha errado
muito em pouco tempo, passou por poucas coisas, mas muito marcantes. Era aquele
tipo de garota que zoava e não gostava das futilidades dos outros, mas adorava
fazer aqueles testes bobos de revistas adolescentes – e sempre achava os
resultados incrivelmente parecidos com sua personalidade.
Ela amava um bom rock, seja aquelas tristes baladas, ou
aqueles loucos punk rocks. Em muitos gostos, ela tinha puxado ao pai, a
personalidade também. Em gestos, olhares, ela tinha puxado muito à mãe. Não
importava se ela tinha dias vazios, sem nada pra fazer, isso era o que ela mais
gostava de fazer: devanear ao máximo que podia, dormir o máximo que podia,
olhar pro teto e pensar na vida. Mas tinha um problema: fazia isso de mais.
Ela não conseguia mais suportar o ensino médio, era
muita coisa pra cabeça dela, muita coisa que ela não se importava mais, como:
status sociais e individualidades sem sentido. Não gostava mais das antigas
amigas inseparáveis, e viu o quanto elas eram hipócritas. Elas não eram influenciáveis
por opiniões como muitas das garotas, mas a personalidade das amigas não
combinava mais com os interesses e ideais dela. E toda essa personalidade,
começou a deixar aquelas garotas cegas, achando que só as opiniões delas
estavam certas.
Ela amava livros, mas não tinha paciência para eles,
ela amava filmes, mas quase nunca os via, ela amava o nascer do Sol, mas odiava
acordar muito cedo, ela amava o vento, mas seu cabelo era crespo. Eram muitos
dilemas: o que ela iria ser, o que se tornaria, qual seria seu destino, como
seria seu homem, por que ela vivia nesse mundo, quem ela era, se existia uma
sociedade como a nossa em outros planetas. Eram perguntas que não se passava
pela cabeça de qualquer um.
Estava sempre preocupada com quem não se preocupava com
ela, e não muito ligada às pessoas que a amavam. Tinha um vinculo imenso com
seus irmãos, eles eram seu refugio, seu maior tesouro. E quando falo irmãos, se
inclui cunhados que a rodeavam de respeito e amor também. E não aquele falso
amor e respeito de ter que aguentar a irmãzinha da namorada ou namorado.
Ela sempre quis viajar para lugares populares e
conhecer o que nem todo mundo conhecia. Ela gostava de passear de carro e
sentir a brisa do Outono no rosto escutando sua rádio preferida, gostava de
conhecer cada canto diferente da sua cidade, adorava tirar fotos de tudo que
gostava e olhava de diferente. Ao mesmo tempo em que ela adorava aqueles solos
incríveis de guitarra e bateria, amava uma voz e um violão. Afinal, era o que
ela tocava.
Essa garota eu conheço, mas já duvidei muito disso.
Essa garota cresceu, ficou forte, não sente mais aquele escuro que a dominava
todas as noites. Ela ainda tem alguns problemas pra resolver, mas já muitos já
foram resolvidos. Ela está por ai, em qualquer esquina, tentando se tornar o
mais comum em sociedade, mas não vê a hora de mostrar pro mundo quem ela é. Prazer,
essa garota sou eu.
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