A vida que eu nunca pensei em ter

     Ainda não decidi se a vida que você planejou quero seguir. Acho que não devo ceder a seus caprichos, mas nem você aos meus. Consenso é a palavra. Devemos nos completar, construir algo juntos com muito diálogo antes de ações. Se realmente gostamos de ficar juntos e queremos prolongar isso para a vida inteira, devemos viver uma vida de fácil acesso para ambos.
     É verdade que ficamos afastados física e emocionalmente, talvez a fase mais dolorosa que tivemos. Você fora da minha zona de conforto e vice-versa. Tentamos lutar e sobreviver à dor de um amor que aconteceu tão de repente e de forma tão forte para nós dois, talvez ele seja demais para aguentarmos. O amor que existe é forte demais, mais do que nossas diferenças, maior do que o muro que nos separa, sendo ele de concreto ou de vegetação densa. Sou moça da cidade, que gosta de modificar a pele, o rosto, o cabelo, que se acostumou a receber o conforto oferecido pelo desconforto dos outros. A moça que queria trabalhar com computadores, internet, folhas e cores. Que sonhou em ter um automóvel poluidor, que só plantou um feijão no jardim de infância, que vê filmes banais, que come fast food por mais que saiba os perigos.
     Nada pode mudar quem eu sou, nada pode mudar quem você é, isso descobri (por mais óbvio que era) esses dias. Mas também descobri que você virou prioridade na minha vida, mas não tive a resposta concreta de suas prioridades. Tendo a pensar que não sou eu. A saudade é tanta, mas o orgulho cresceu, não quero ter que me esforçar demais, forçar uma aproximação. Não estou tão escondida, é fácil me achar.
     Algumas coisas vão ter que mudar, querendo ou não, sejam ações, sejam teorias, sejam amores. Me dói mais do que tudo, mas não se pode enganar a si mesmo. Posso até viver num lugar diferente do que imaginei, mas quem sou não.

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