A vida de amores no banco de trás do carro

                O carro corria pelas avenidas da região metropolitana da cidade, meu cansaço me vencia a cada piscada que eu dava, e todos eles passavam pela minha cabeça. Eu olhei para a minha esquerda e via mais dois lugares sobrando no banco de trás do carro. Do lado da janela esquerda, com um lugar vazio entre nós, eu vi o primeiro; ele nem olhava pra mim, mas sabia da minha presença; meu coração não pulsava ao imaginá-lo. Vi o segundo; ele olhava pra mim e depois fechou a cara e voltou-se para a janela, achou a paisagem mais interessante que olhar para mim; meu coração ainda pulsava intensamente ao projetar a imagem dele. Vi o terceiro; ele dormia tranquilo como se tivesse aproveitado todos os momentos e que agora estava satisfeito com a experiência; parecia-me ignorante; meu coração só guardara coisas boas sobre tudo o que já tínhamos passado. Vi o quarto; ele olhava para a janela e de fones de ouvido, parecia não saber da minha existência; meu coração não entendia o que se passava. Vi então, por fim, o quinto e último; ele não parava de olhar pra mim e o sorriso que ele esboçava de leve ao me ver me engrandecia, me tornava viva; ele quase não olhava para a janela do carro, só fazia isso quando queria deixar a situação mais leve; meu coração batia tranquilo, sorridente, às vezes saia do ritmo e acelerava.
                Esbocei um sorriso de paz e fechei meus olhos.

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