Ninguém na varanda

Era dia de festa
Há alguns dias
Não muito tempo atrás
Era gente na rua,
Cara pintada,
Gente fantasiada,
Rato no capô

Mas que festa estranha
Com gente esquisita, como disse Russo

Era uma tarde bela de sol
Estávamos passando por dias frios
E aquele foi ameno, aquecido.
Me cansei daquela palhaçada
Desviei de câmeras e atores
Sentei-me com a Fernanda na calçada
Assistindo tudo de baixo

(Não estava sendo um dia bom
Doentes mentais invadiram meu espaço
Eu tenho um perímetro do qual as pessoas devem manter distancia
E ainda estava na sua rua, para minha (in)felicidade)

Depois de algum tempo sentadas
Decidimos voltar pra casa
Tínhamos outros planos
Saímos abraçadas, meu corpo estava farto
E então ela me apoiava.
Passei pela sua janela,
E eu queria gritar,
Seja lá o que fosse,
Eu queria!
Tudo pra chamar sua atenção para janela
E se deparar com a minha presença
Então, eu falava alto, sem necessidade
Dizia besteira e gargalhava
Vai que minha voz atravessasse as paredes
Chegasse aos seus ouvidos
E, por mais que não acreditasse em minha presença ali,
Lembrasse de mim.

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