Meu Longa-metragem

        Se encaixaria em algum curta se você pegasse apenas o momento concreto, mas em mim existia uma eternização de momentos. Faço muito isso, eternizo momentos. Gravo o maior número de cenas pequenas e sem significância para produzir um longo drama romântico pelo qual já passei tantas vezes. E tudo isso não basta: eu tenho que rever ele exaustivamente toda hora. Por vários motivos também insignificantes aos olhos alheios, contudo, em alguma parte de mim, acho importante. 
        Não é divertido, de maneira alguma!, é doloroso, agoniante, porém lindo. É o tipo de filme que, apesar de não desejar, ele define tua vida em algum aspecto. Lembro do primeiro figurino, da primeira cena, do primeiro cenário, dos primeiros atores. Estranhamente não me lembro da ultima camiseta que ele usou.
       Eu tinha um final perfeito para o filme, mas o orçamento não deu, alguns atores desistiram de atuar como os 'bonzinhos', disseram que preferiam ser o vilão. Foi uma competição imensa para qual era o maior e melhor vilão. Os coadjuvantes ficaram confusos e decidiram sair do filme, alegaram que seria melhor e que poderíamos dar um final trágico e simplório para o longa: "cada um pode seguir numa estrada diferente, o que acham?". Eu, como diretora e atriz, não via outra solução momentânea, tive a esperança completa de que o filme poderia dar certo, ou que poderíamos ter uma continuação, mas me enganei o tempo todo, e acabei aceitando a proposta. Me sentia Ed Wood tentando arranjar patrocínio para seus filmes loucos. 

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