Movimente-se mais, Porto Alegre

                        Anda-se lendo e vendo pela mídia a degradação da imagem jovem do país e como se todos nós fossemos revoltados virtuais. Como seres tão passivos, alienados e que se acham tão cheios de razão podem fazer contra nossos movimentos? A resposta é simples: inversão dos fatos. Enquanto estudantes e trabalhadores estão nas ruas lutando pelos seus direitos, pela sua cidade, pela sua qualidade de vida - e além disso: qualidade de vida da população -, já fomos chamados por "ativistas de sofá" ou até "mascarados anarquistas". Bom, é só ligar a tevê, abrir uma página na internet, ou até mesmo escutar uma conversa no ônibus (ou melhor dizendo, em qualquer lugar, menos num ônibus, pois aqueles que falam não sabem o que é o transporte público de Porto Alegre há muito tempo). Perceba então que nosso espírito, que clama por mudança, é ignorado, ridicularizado, e diminuído perante o "poder maior". Provavelmente, a correspondente aqui não tenha tanta moral para falar sobre manifestações e movimentos que estão ocorrendo na cidade de Porto Alegre ultimamente, mas sou jovem e tenho direito de expressar minha opinião, afinal não estamos mais na ditadura militar até onde sei e estudo.
                        Vemos claramente que Porto Alegre está mudando, está a caminho da mudança, e acreditamos que seja para melhor. Com certeza temos que melhorar e muito ainda as condições que vivemos para concretizar o que queremos, mas para isso precisamos da ajuda de um governo que está decaindo cada vez mais em nossas esperanças. O que fazemos? Nos movimentamos sozinhos, seja por conta própria ou para mostrar nossa oposição ao que tem sido feito nos últimos anos, e talvez ultimas décadas. Ao ver que, com o aumento da passagem para R$3,05 (aumento de R$ 0,30) só aumentava a renda de empresas terceiras, começamos a nos mexer. Houve protestos contra esse aumento desde o inicio do ano de 2013, e o número de pessoas a cada manifestação foi aumentando até conseguir mudar esse valor para o valor antigo R$ 2,85 (que ainda está elevado à medida necessária para que o transporte público seja adequado e melhorado). Esses movimentos foram programados e organizados através de palestras e reuniões compondo vários participantes e depois divulgado em redes sociais, para que o cidadão soubesse o que estava acontecendo e o que ia acontecer. Agora, vai me dizer que nosso ativismo de sofá não funciona e move o mundo? E sobre os "vandalismos" que ocorreram nessas manifestações, não sou totalmente contra. Concordo que, ao degradar os locais públicos e os meios de transportes em que somos levados diariamente, estragamos algo nosso e de nossos companheiros de luta. Todavia, 'pixação' e graffiti são formas eficazes de expressão, essas duas artes provocativas fazem com que pensamos sobre o que está ao nosso redor e o que fazemos para mudar o mundo.
                               Além dessas manifestações, vemos a Massa Crítica aumentando cada vez mais o número de integrantes que lutam e mostram que é possível ter qualidade de vida e se movimentar com saúde e sem carros, lutando pelo seu espaço nas ruas da cidade. Vemos motoristas que reclamam dos ciclistas por eles "invadirem o espaço que não é deles", mas, meu amigo, o fato é: eles não tem espaço, logo, vão ocupar o que? As ciclovias que estão sendo implantadas ainda não são o suficiente para movimentar tantas bicicletas, ainda se tem muito trabalho pela frente, e, até lá, ciclistas terão que ocupar as ruas de Porto Alegre (mas por favor, é necessário respeito, tanto de motoristas como ciclistas).
                              Todos esses movimentos e tantos outros além não citados aqui estão fazendo com que a cidade onde vivemos se torne um lugar nosso, característico da população que aqui vive, nos trazendo mais orgulho ao dizer onde residimos. Pode não parecer, mas estamos em grande número, maior do que foi esperado, e estamos dispostos a mudar nosso mundo diário. Não deixamos com que nos intimidem, nós o intimidamos, senão não seriamos atacados toda vez que fossemos pra rua levantar nossas bandeiras e cartazes pedindo nada mais que o direito que todos temos: justiça. Respiramos e nos alimentamos do movimento feito por nós mesmos, estamos espalhados por todos os cantos, mas quando nos juntamos, sentimos a força em massa. Sim, queremos uma Porto Alegre com cultura, justiça, segurança, direitos. Um passo de cada vez, uma pessoa a cada dia, um grito por vez e chegaremos um dia no nosso destino, aquele que tanto visamos.

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